sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Brasil e a escalada da violência


Licínio de Sousa e S. Filho

Nos últimos anos a sociedade brasileira assiste estarrecida à escalada da violência, tanto no meio rural como urbano. A cada nova notícia a sensação de desconforto e estranhamento se amplia, o assunto é tratado muitas vezes como se fosse fruto apenas da precariedade do sistema de segurança pública do país. Segundo a Organização dos Estados Ibero-Americanos o Brasil é o quarto país mais violento do mundo. Estima-se que o crime mata 45 mil pessoas a cada ano.

Para entendermos melhor este quadro precisaremos mergulhar no processo histórico brasileiro em busca das origens desse fenômeno.A busca pelas raízes estruturais da violência nos remete ao processo de colonização do Brasil,que favoreceu o surgimento de minorias privilegiadas, detentoras da terra e concentradoras de riqueza às custas da exploração de um enorme contingente da população que passaria a conviver, nas palavras de Ghandi, com a pior forma de violência: a pobreza.

Além disso, o autoritarismo, um dos traços marcantes da estrutura de poder estabelecida em nosso país alimentará a violência durante toda nossa história. Da colônia ao Império, passando pela República Velha, até o presente momento, encontraremos registros do uso da violência contra os excluídos do campo e das cidades. Manifestações de insatisfação contra a ordem estabelecida como Canudos, Contestado, o Cangaço, a Revolta da Vacina, os Capoeiras do Rio de Janeiro, o massacre de Eldorado dos Carajás serão sempre reprimidas violentamente.

Ainda hoje os camponeses enfrentam a dura realidade da exclusão social devido à precariedade de empregos que se agravou na última década com a utilização de máquinas por parte do agronegócio, conjugado com a inexistência de uma política fundiária que permita a permanência de grandes contingentes no meio rural. Neste contexto, surgem movimentos organizados a favor da luta pela reforma agrária, como as Ligas Camponesas na década de 1950 e o MST em meados da década de 1980. O embate entre estas organizações e os latifundiários vem sendo marcado por assassinatos de lideranças do movimento camponês, sindicalistas, membros de organizações não governamentais e religiosos ligados à pastoral da terra.Os assassinatos de Chico Mendes, morto no Acre em 1988 e da religiosa norte-americana Dorothy Stang, morta em 2005 no Pará, entre outros, nos mostra o nível de tensão existente nos conflitos agrários pelo país.

No decorrer do século XX, principalmente a partir da década de 1950, procurando encontrar uma saída para a situação de miséria, muitos excluídos da terra se deslocam do campo para os centros urbanos, porém , a oferta de emprego ainda precária naquele momento, empurra grande parte desses migrantes para novos bolsões de miséria. A expansão do processo de favelização nos grandes centros urbanos acelera-se, trazendo à tona novos traços da violência.

Durante a ditadura militar ( 1964-1985 ), o modelo econômico adotado, marcado pelo chamado “Milagre”, favoreceu a concentração de renda e a ampliação das desigualdades sociais. Neste período o aparato de segurança foi utilizado para reprimir os grupos de esquerda, permitindo o surgimento dos esquadrões da morte – milícias armadas, geralmente compostas por elementos ligados às forças de repressão do Estado – que se encarregavam de combater o crime comum.

"Nos 20 anos desde a ditadura, o Brasil não conseguiu criar um sistema de segurança adequado à democracia", disse o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Correa, em recente entrevista.

A falta de reestruturação do aparato de segurança no período pós-ditadura permitiu que na década de 1980 o crime organizado se estabelecesse em grandes centros como o Rio de Janeiro, onde grupos criminosos como a Falange Vermelha - criada dentro dos presídios cariocas - comandaram assaltos a bancos, carros fortes, seqüestros, tráfico de drogas, além de controlar o sistema carcerário, através da prática da corrupção. São Paulo, a partir da década de 1990, teria sua versão do crime organizado personificada no PCC – Primeiro Comando da Capital – responsável por uma série de ousados ataques contra viaturas, delegacias e postos policiais e impondo o toque de recolher em várias regiões da capital paulista, numa clara demonstração de força. Para alguns, estaria se implantando um poder paralelo ao Estado, ficando a sociedade refém destas facções criminosas.

A partir de então, as ramificações do crime organizado, dentro e fora dos presídios, criaram um mercado de tráfico de influências possibilitado pela corrupção, cujos tentáculos se estenderam até importantes segmentos do aparelho de Estado. Segundo o sociólogo Michel Misse, “formou-se um mercado que passou a oferecer, sob a forma de mercadoria, bens públicos de monopólio estatal – proteção, livramento da prisão, armas reservadas as agências do Estado, documentos públicos, etc. –operando uma economia de corrupção de agentes do Estado, principalmente policiais, de alto a baixo da hierarquia e, em alguns casos, configurando uma rede de tipo mafioso.”

Ainda, segundo Misse, uma outra variável passa a ser considerada: a juvenilização das estruturas do crime organizado a partir de 1986-87, em decorrência da falta de oportunidades no mercado de trabalho, principalmente naquela “década perdida”, o que veio agravar ainda mais o quadro de exclusão social. Diante da ausência de perspectivas para superar a pobreza, muitos jovens das camadas menos favorecidas da sociedade ingressam no crime. Quase sempre, a trajetória desses jovens no mundo do crime é curta, em geral morrem em confrontos com a polícia ou com grupos rivais que disputam os pontos de venda de drogas.

A este respeito, estudos recentes apontam homens e jovens como principais vítimas da violência urbana. O Brasil estaria em segundo lugar, no ranking latino-americano de mortes por homicídio, em sua maior parte provocados por projétil de arma de fogo. Os pesquisadores indicam como causas destes altos índices a expansão, a diversificação e a sofisticação da violência delitual nas grandes cidades; a generalização de uma cultura da violência, de certo modo legitimadas pelos veículos de comunicação de massa; a violência intrafamiliar, a dissiminação do porte de arma de fogo e a concentração de renda, geradora da desigualdade social que motiva a expansão da prática de ações criminosas nos meios urbanos.

O relatório sobre desenvolvimento humano no Brasil, de 1996, apontava para o padrão tipicamente urbano que a mortalidade brasileira vinha assumindo desde a década de 1960, quando as doenças infecciosas e parasitárias representavam a primeira causa de mortes no país e naquele ano passaria à sexta posição. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2004, publicada pelo IBGE, houve um crescimento do número de mortes de jovens associadas à violência a partir da década de 1980. A publicação revela que o problema atinge jovens do sexo masculino com idade entre 20 a 24 anos.

A ausência de políticas públicas eficazes ao combate à criminalidade e, principalmente aos graves problemas sociais brasileiros, alimenta a deteriorização do Estado brasileiro. Neste momento a banalização da violência deve estar se materializando em mais um confronto entre policiais, traficantes e milícias, não necessariamente nesta ordem ou em uma briga entre torcidas organizadas transbordando ódios e frustrações. E em meio a mais uma saraivada de balas perdidas o cidadão comum pede socorro.

Enquanto isso,em algum lugar acima de qualquer suspeita, representantes do legislativo e do judiciário, além de delegados e policiais subalternos recebem algum tipo de propina para “dar um jeitinho”, favorecendo os interesses do crime organizado. É preciso promover um resgate urgente dos princípios éticos em nossa sociedade.


Dicas de leitura:


Violência Urbana"

Autor: Paulo Sérgio Pinheiro e Guilherme Assis de Almeida

Editora: Publifolha

Violência no campo -- O latifúndio e a reforma agrária

Autores: Júlio José Chiavenato

Coleção: POLÊMICA

Editora: MODERNA

Mapa da violência IV: os jovens do Brasil

Autor(es): Waiselfisz, Julio Jacobo

Editor(es): UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministério da Justiça/SEDH, 2004

sábado, 20 de setembro de 2008

A crise norte-americana

Entenda como se iniciou a crise econômica norte-americana que abala a economia global.

<1> "Nos últimos anos, os bancos concederam empréstimos imobiliários até para pessoas com problemas de crédito no segmento subprime (crédito de alto risco).

<2> As carteiras dos bancos foram revendidas para outras instituições financeiras e as hipotecas dos imóveis serviram de lastros para operações no mercado secundário.

<3> A alta procura por imóveis criou uma "bolha" de valorização dos preços.

<4> Altamente endividados, os mutuários aumentaram o nível de calote nos contratos, gerando um efeito cascata que afetou todo o sistema financeiro.

<5> Os bancos começaram a executar as dívidas e os preços caíram, causando prejuízos a quem comprou imóveis para especular.

<6> Afetadas patrimonialmente, as instituições financeiras apresentam pesados prejuízos. O Bear Stearns, quinto maior banco de investimentos dos EUA, quebrou e foi vendido por menos de 10% de seu valor ao JP Morgan Chase.

<7> As perdas patrimoniais e os prejuízos do sistema financeiro montaram um cenário de recessão nos EUA. A economia deve cair no primeiro semestre deste ano, com queda do consumo e no nível de emprego.

<8> Como os EUA são responsáveis por um quarto da economia mundial e suas importações sustentam boa parte do comércio de outros países, o mundo inteiro deve sofrer com a provável queda das compras norte-americanas.

<9> Para cobrir os rombos nas contas, bancos e cprretoras estão se desfazendo de investimentos no mundo todo. Isso e o temor de recessão mundial abalam todas as bolsas de valores.

<10> Para conter a crise, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) vem cortando juros e injetando recursos na economia com o objetivo de estimular o crédito e o consumo.

Saiba mais sobre este assunto clicando na imagem abaixo:

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Lógica

A Lógica é a disciplina da filosofia que estuda as regras do raciocínio e do discurso.Clique aqui e saiba mais sobre este assunto.Os vídeos abaixo também irão ajudá-lo a compreender melhor este tema.A lógica foi criada por Aristóteles no século IV a.C. para estudar o pensamento humano e distinguir interferências e argumentos certos e errados.



terça-feira, 16 de setembro de 2008

A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil

Acompanhe o processo de transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, através desta divertida animação exibida pelo Canal Futura. No primeiro episódio é apresentado o contexto histórico português do ínicio do século XIX.

1º Episódio - Nos Tempos de Napoleão



2º Episódio - Ir ou Não ir eis a questão



3º Episódio - Homens ao Mar!



4º Episódio - Venha cá meu Rei



5º Episódio - Olha a Corte aí gente



6º Episódio - Uma Corte Brasileira com cereza



sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Prêmio Dardos

A Utopia está solta!
O professor João Maria do blog Educação Dialógica me agraciou com este prêmio. Obrigado pelo reconhecimento.
Devo eleger 15 blogs para serem agraciados com este prêmio e estes devem elegerem outros 15 merecedores do mesmo. Então, apresento abaixo os meus indicados ao Prêmio Dardos.

Educar Já! ,blog da professora Cybele Meyer
Mônica Firminda ,blog da professora Mônica Firminda
Conversa Globalizada ,do professor João Moura
Protagonizarte ,fotoblog da professora A dalgisa Matos
TIC, Educação e Web ,blog do professor Jorge Borges
Informática Educativa ,blog da professora Josete
Sobre História, blog da professora Lílian
Filosofia em xeque, blog do professor Marcos Carvalho
Bibliotequices e afins, blog da professora Roseli Venâncio
Dicas de Ciências, blog da professora Andrea
Escola Edificar, blog da professora Jenny Horta
História do Ensino, blog da professora Natânia
Vamos Blogar?, blog de Susana Gutierrez
Cantos & Encantos, blog de músicas infantis
Docê Infância, blog da professora Leonor Codeiro


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A exploração da mão - de - obra indígena na América Espanhola

A presença espanhola nas Américas, a partir do processo de colonização foi marcada pela violência e exploração dos povos pré- colombianos, também chamados de ameríndios. A descoberta de ouro e prata fez com que os espanhóis utilizassem em larga escala ma mão - de - obra indígena, abundante no Novo Mundo. Conheça algumas formas de exploração do trabalho indígena na América Espanhola, clicando na imagem abaixo.



domingo, 7 de setembro de 2008

O Renascimento

"Renascimento (ou Renascença) é um termo usado para indicar o período da história do mundo ocidental aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII (com significativa variação nas datas conforme a região enfocada e o autor consultado)[1], quando diversas transformações em uma multiplicidade de áreas da vida humana assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências [2]."

Fonte: wikipedia

Clique na imagem abaixo para obter mais informações sobre este assunto:

O Homem Vitruviano de
Leonardo da Vinci



GRANDES MESTRES DO RENASCIMENTO

Clique nas imagens abaixo para conhecer um pouco da
vida de alguns dos grandes mestres do Renascimento


O casamento de Arnolfini, pintado em óleo
sobre madeira por Jan van Eyck em 1434



Sandro Botticelli: La Nascita di Venere (Galeria Uffizi, Florença)


Michelangelo Buonarroti: Pieta

Rafael: A Escola de Atenas

Leonardo da Vinci: Monalisa

sábado, 6 de setembro de 2008

O processo de colonização portuguesa na América

Denominamos período pré-colonial a fase transcorrida entre a chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral e o primeiro projeto nitidamente colonizador empreendido por Martim Afonso de Souza em 1531. Apesar de Portugal, nesse período, voltar sua atenção para o comércio com as índias, é inegável também, a preocupação da coroa portuguesa com as terras americanas, que naquele momento sofria o assédio de outras nações européias desejosas em instalar domínios no Novo Mundo.

Caravelas
Características:
  • presença de expedições exploratórias portuguesas no litoral brasileiro,
  • extrativismo vegetal (Pau - Brasil) como principal atividade econômica - em 1501, o Rei de Portugal, deu a Fernão de Noronha ( que estava associado a comerciantes judeus) a primeira concessão para a exploração do Pau - Brasil;
  • criação de feitorias: postos de armazenamento de madeiras que seriam embarcadas para Portugal;
  • primeiros contatos com os habitantes da terra (ameríndios) e o início de um comércio a base de ttrocas (escambo);
  • presença de piratas e contrabandistas, principalmente franceses, no litoral brasileiro.

"Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes faixas de terras, conhecidas como Capitanias Hereditárias, foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da região. "






Filosofia: Rousseau

"Jean-Jacques Rousseau foi um dos mais considerados pensadores europeus no século XVIII. Sua obra inspirou reformas políticas e educacionais, e tornou-se, mais tarde, a base do chamado Romantismo. Formou, com Montesquieu e os liberais ingleses, o grupo de brilhantes pensadores pais da ciência política moderna. Em filosofia da educação, enalteceu a "educação natural" conforme um acordo livre entre o mestre e o aluno, levando assim o pensamento de Montaigne a uma reformulação que se tornou a diretriz das correntes pedagógicas nos séculos seguintes. Foi um dos filósofos da doutrina que ele mesmo chamou "materialismo dos sensatos", ou "teísmo", ou "religião civil". Lançou sua filosofia não somente através de escritos filosóficos formais, mas também em romances, cartas e na sua autobiografia. Vejamos, em resumo, o que nos contam as suas Confissões e algumas outras fontes, sobre sua vida e sua obra."

Fonte:Filosofia Moderna

Saiba mais sobre a vida e o pensamento de Rousseau clicando na imagem abaixo:

Rousseau (1712 - 1778)