Nos últimos 30 anos a China vem se despontando como um dos países que mais crescem economicamente no mundo. Podemos determinar como ponto de partida para essas transformações, a abertura econômica promovida pelo regime comunista em 1978, ainda no governo de Deng Xiaoping. Porém, a China tem pela frente uma série de desafios a serem superados para manter seu esforço de crescimento e ainda atender as demandas sociais internas e as pressões da comunidade internacional.
Neste artigo iremos apresentar alguns destes desafios que podem impactar decisivamente o futuro desta emergente nação oriental. Inicialmente trataremos dos problemas referentes ao envelhecimento da população chineses e, em seguida, abordaremos questões ligadas aos problemas ecológicos enfrentados por aquele país, o sistema jurídico e trabalhista chinês, as disparidades sociais latentes, a necessidade de gerar novos empregos e, por fim, o desafio de reduzir a censura e dar liberdade de imprensa.
A china, país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, ou seja, um quinto da população mundial,enfrenta um problema inusitado: escassez de mulheres e o envelhecimento de sua população. Em 1979, buscando conter o crescimento demográfico, o Estado implantou a lei do filho único, em uma sociedade que culturalmente apresenta ainda traços de uma sociedade patriarcal, onde a figura masculina sempre foi privilegiada, influenciando o desejo dos casais em terem filhos do sexo masculino. Segundo estimativas, o déficit de mulheres é maior na faixa etária entre os 20 e 30 anos, teoricamente o período da vida em que as pessoas decidem se casar com mais freqüência. Ainda, segundo estes dados, neste segmento etário existem 100 mulheres para 120 homens.
Porém, os efeitos desta legislação do filho único é sentida agora, muitos homens começam a abandonar o campo em direção aos centros urbanos, não só em busca de empregos, mas também em busca de uma esposa. Apesar de todos estes problemas que agora se manifestam é preciso dizer que a política do filho único ajudou a conter o crescimento demográfico na China. Calcula-se que sem esta política o país teria uma população 30% maior do que a atual. O governo chinês esta diante de um grande impasse: mudar a lei do filho único para tentar aumentar o número de mulheres no país amenizaria a situação, mas provocaria o crescimento da população, o que acarretaria o surgimento de outros problemas ainda mais graves.
Atrelado a este problema, o governo chinês também tem que buscar soluções para outra questão. Como em todo país que consegue melhorar as condições de vida de sua população, na China a expectativa de vida se torna cada vez maior. É previsto que a partir de 2013 o número de pessoas em idade economicamente produtiva comece a cair, e que em 2030, 20% da população chinesa tenha envelhecido, comprometendo a oferta de mão-de-obra barata no país, trunfo que até agora alavanca o seu desenvolvimento, proporcionando-lhe alto grau de competitividade.
Criar políticas sociais para amparar este enorme contingente de idosos também se torna um grande desafio. Segundo pesquisadores chineses, o país não estaria preparado para o envelhecimento acelerado de sua população. Além de investimentos no sistema de saúde e segurança social há a necessidade de políticas públicas voltadas à educação, capacitação e tecnologia, aumentando assim, a produtividade per capita.
O forte controle do sistema judiciário pelo Partido Comunista torna-se um entrave para o desenvolvimento chinês. Grandes empresas estrangeiras têm dificuldades de proteger suas patentes e capital intelectual naquele país. O desrespeito a legislação trabalhista e aos direitos humanos permite a exploração da mão-de-obra barata que não tem seus direitos respeitados pelos empregadores.
O crescimento acelerado de sua economia acarreta outros problemas. A desigualdade social decorrente deste desenvolvimento exige a atenção do governo chinês, pois existem em torno de 150 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no país. Boa parte deste contingente está no campo. Criar políticas públicas para combater a pobreza e conter o êxodo rural se torna um grande desafio para as autoridades chinesas. Para isso, o governo precisa criar 15 milhões de novos empregos por ano.
As questões ambientais na China Também são desafiadoras. O acelerado processo de industrialização tem agravado o problema da poluição em áreas urbanas e rurais. Estima-se que mais de 50% dos lençóis de água das cidades estejam poluídos, das 10 cidades mais poluídas do mundo sete se encontram na China, a contaminação da água em algumas regiões litorâneas vêm crescendo e a ocorrência de chuva ácida se expandiu em direção a várias regiões. A poluição sonora nos grandes centros afeta dois terços da população urbana.
Outro grande problema ambiental que se manifesta na China é o gerado pelos resíduos sólidos industriais e pelo lixo doméstico. O tratamento deste lixo é o grande desafio enfrentado pelos gestores de grandes e médias cidades chinesas. A transferência de parte destes resíduos industriais e de lixo doméstico para áreas rurais amplia o impacto sobre o meu ambiente, resultando em danos que prejudicam a sobrevivência de ecossistemas e populações camponesas. A oferta de água potável já está comprometida em algumas regiões do país.
Diante deste desastre ambiental e pressionado pela comunidade internacional, o governo chinês, desde a década de 1990, busca combater estes problemas através de uma séria de medidas de cunho legislativo, administrativo e econômico. As ações governamentais para os próximos vinte anos voltadas à proteção do meio ambiente são realmente desafiadoras ao governo chinês.
A censura e a liberdade de imprensa são questões polêmicas . O desrespeito as instituições democráticas são alvo de denúncias por vários organismos internacionais. Uma rigorosa legislação permite ao governo total controle sobre a mídia. Esta questão ganha maiores proporções neste momento em que a China vive a expectativa de sediar mais uma Olimpíada e com ela receber veículos de comunicação de todo o mundo.
O governo já montou um forte aparato para controlar a entrada de jornalistas no país através de um sistema de credenciamento que já gera críticas. Em
A situação torna-se ainda mais delicada levando-se em consideração as manifestações ocorridas no Tibete, região autônoma que se encontra a mais de 50 anos sob domínio chinês, além da proximidade dos 20 anos do massacre da Praça da Paz Celestial. Dois momentos onde protestos a favor da democracia foram duramente reprimidos e deixou um saldo de mortos e feridos reais não conhecidos até hoje, devido à censura aos meios de comunicação daquele país.
Não obstante a estes desafios, a China continua sendo considerada a locomotiva da economia mundial, ocupando no ranking global o terceiro lugar, entre os maiores países exportadores e grande consumidora de petróleo, minério de ferro, carvão e cobre.
A Superação destes desafios interessa não só ao governo chinês, mas também a toda comunidade mundial, pois uma desaceleração da economia deste país terá impacto sobre o mundo inteiro. Cabe a China desenvolver políticas de desenvolvimento sustentável que mantenham os altos níveis de crescimento econômico e ao mesmo tempo promover uma justa distribuição da riqueza buscando combater os graves problemas sociais ali presentes.
Bibliografia:
BELLUCCI, Beluce. Abrindo os olhos para a China. Rio de Janeiro:EDUCAM,UCAM,2004.
nelsonfrancojobim.blogspot.com
2 comentários:
gostei muito. é muito interessante, eses projetos vai ajudar muito no futuro.
Olá Anônimo,
seja bem vindo.
É sempre um prazer ajudá-los.
Abraço.
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