segunda-feira, 26 de maio de 2008

Nada de novo no front


Quem eram os homens que lutaram na Primeira Guerra Mundial ? O que pensavam sobre a guerra ? Como era seu cotidiano na frente de batalha ? Tinham esposas, filhos, parentes ?

Conheça um pouco mais sobre estes anônimos soldados que lutaram e morreram nesta guerra. Clicando no selo acima você terá acesso a fragmentos de cartas escritas pelos combatentes.

Assista um vídeo sobre a batalha de Somme (1916), uma das mais sangrentas deste conflito.


Fonte:You Tube


Em seguida Leia o texto abaixo, é um fragmento de um clássico da literatura mundial e relata os horrores da Primeira Guerra, pelo olhar de um soldado.

Em 1929 era publicado, na Alemanha, o livro Nada de Novo no Front de Eric Maria Remarque. Trata-se de uma obra condenatória dos horrores da Primeira Guerra Mundial, escrita por um homem que serviu no exército alemão, tendo sido, inclusive, seriamente ferido. Remarque viu de perto o morticínio das trincheiras e seu livro exerceu profunda influência sobre o pensamento pacifista. Basta lembrar que foi proibido, na Alemanha, quando os nazistas assumiram o poder.

Os trechos selecionados procuram enxergar a guerra por um outro viés, através da ótica de quem esteve no front, ameaçado permanentemente pela destruição e pela morte. O autor, na dedicatória, fala às gerações futuras: "Este livro não pretende ser um libelo nem uma confissão: apenas procura mostrar o que foi uma geração de homens que, mesmo tendo escapado às granadas, foram destruídos pela guerra."

Através do relato do soldado Paul Bäumer toma-se contato não apenas com os horrores da guerra mas, também, com os sonhos e esperanças frustradas de toda uma verdadeira "geração perdida".

Estamos no outono. Dos veteranos, já não há muitos. Sou o último dos sete colegas de turma que vieram para cá.

Todos falam de paz e armistício. Todos esperam. Se for outra decepção, eles vão se desmoronar. As esperanças são muito fortes; é impossível destruí-las sem uma reação brutal. Se não houver paz, então haverá revolução.

Tenho catorze dias de licença, porque engoli um pouco de gás. Num pequeno jardim, fico sentado o dia inteiro ao sol. O armistício virá e breve, até eu já acredito agora. Então iremos para casa.

Neste ponto meus pensamentos param e não vão mais adiante. O que me atrai e me arrasta são os sentimentos. É a ânsia de viver, é a nostalgia da terra natal, é o sangue, é a embriaguez da salvação. Mas não são objetivos.

Se tivéssemos voltado em 1916, do nosso sofrimento e da força de nossa experiência poderíamos ter desencadeado uma tempestade. Mas se voltarmos agora estaremos cansados, quebrados, deprimidos, vazios, sem raízes e sem esperanças. Não conseguiremos mais achar o caminho.

E as pessoas não nos compreenderão, pois antes da nossa cresceu uma geração que, sem dúvida, passou estes anos aqui junto a nós, mas que já tinha um lar e uma profissão, e que agora voltará para suas antigas colocações e esquecerá a guerra... e depois de nós crescerá uma geração semelhante à que fomos em outros tempos, que nos será estranha e nos deixará de lado. Seremos inúteis até para nós mesmos. Envelheceremos, alguns se adaptarão, outros simplesmente se resignarão e a maioria ficará desorientada: os anos passarão e, por fim, pereceremos todos.

Mas talvez tudo que penso seja apenas melancolia e desalento que desaparecerão quando estiver de novo sob os choupos e ouvir novamente o murmúrio das suas folhas. É impossível que já não existam a doçura que fazia nosso sangue se agitar, a incerteza, o futuro com suas mil faces, a melodia dos sonhos e dos livros, os sussurros e os pressentimentos das mulheres. Tudo isso não pode ter desaparecido nos bombardeios, no desespero e nos bordéis. Aqui as árvores brilham, alegres e douradas, os frutos das sorveiras têm matizes avermelhados por entre a folhagem; as estradas correm brancas para o horizonte, os rumores de paz fazem as cantinas zumbirem como colméias.

Levanto-me.

Estou muito tranqüilo. Que venham os meses e os anos, não conseguirão tirar mais nada de mim, não podem me tirar mais nada. Estou tão só e sem esperança que posso enfrentá-los sem medo. A vida, que me arrastou por todos estes anos, eu ainda a tenho nas mãos e nos olhos. Se a venci, não sei. Mas enquanto existir dentro de mim - queira ou não esta força que em mim reside e que se chama eu -, ela procurará seu próprio caminho.

Tombou morto em outubro de 1918, num dia tão tranqüilo em toda a linha de frente que o comunicado se limitou a uma frase: "Nada de novo no front".

Caiu de bruços e ficou estendido, como se estivesse dormindo. Quando alguém o virou, viu-se que ele não devia ter sofrido muito. Tinha no rosto uma expressão tão serena que quase parecia estar satisfeito de ter terminado assim.

REMARQUE, Erich Maria. Nada de novo no Front. In: MARQUES, Adhemar, BERRUTI, Flávio, MOURA, Ricardo. História Contemporânea. São Paulo: Contexto, 1990.



O ex-Beatle Paul McCartney, compôs Pipes of Peace , que foi lançada em 1983. A letra fala da paz e do amor como soluções de nossos problemas e o vídeo recria um cenário da Primeira Guerra Mundial


Fonte: You Tube

Curiosidade:

As aventuras de Willian Henry Bonser Lamin , um soldado britânico que serviu durante a Primeira Guerra Mundial, estão prendendo a atenção de milhares de internautas que seguem suas correspondências em um blog criado pelo seu neto.

Que tal desenvolvermos uma atividade envolvendo a História e Língua Inglesa? Fica aí o convite.

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